Metrô e CPTM têm ao menos seis casos de abuso denunciados por mês
Vítima conta como conseguiu ajuda para levar agressor à delegacia.
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'Acho que se todas dessem parte, as coisas não estariam como hoje.'
Passageiros embarcam no Metrô Brás da Linha Vermelha em direção ao centro de SP (Foto: Roney Domingos/ G1)
Trens do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) registram em média seis ocorrências de atentado ao pudor por mês.
São em média três casos por mês no Metrô, segundo o delegado titular da Delegacia do Metropolitano (Delpom), Valdir Rosa.
E outros três nas seis linhas da CPTM, de acordo com a assessoria de imprensa da estatal.
O Metrô diz que é um dos mais seguros do mundo porque registra 1,1 ocorrência para cada milhão de passageiros transportados, abaixo da comparação mundial, de 1,5 por milhão.
Mas embora o Metrô afirme não haver casos de atentado ao pudor em 2009, há processos relatados na Justiça sobre casos de importunação ofensiva ao pudor no mesmo ano.
Trens do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) registram em média seis ocorrências de atentado ao pudor por mês.
São em média três casos por mês no Metrô, segundo o delegado titular da Delegacia do Metropolitano (Delpom), Valdir Rosa.
E outros três nas seis linhas da CPTM, de acordo com a assessoria de imprensa da estatal.
O Metrô diz que é um dos mais seguros do mundo porque registra 1,1 ocorrência para cada milhão de passageiros transportados, abaixo da comparação mundial, de 1,5 por milhão.
Mas embora o Metrô afirme não haver casos de atentado ao pudor em 2009, há processos relatados na Justiça sobre casos de importunação ofensiva ao pudor no mesmo ano.
Nos casos registrados pela Delpom, vítima e agressor são conduzidos por seguranças à delegacia, que fica na Barra Funda, Zona Oeste.
Embora a quase totalidade das vítimas seja do sexo feminino, no ano passado até mesmo um homem reclamou ter sido assediado dentro do vagão.
"São dois ou três casos por mês.
A pessoa briga, xinga e chama os seguranças, que levam o agressor para a delegacia", diz o delegado Valdir Rosa, que trabalha há dez anos à frente da Delpom.
Ele recomenda cautela para evitar abusos e avisa que há até suspeitos reincidentes.
"A pessoa tem de ficar atenta, colocar uma bolsa para se proteger e, se alguém incomodar, chamar a segurança", afirma.
O delegado conta que, na maioria das vezes, o abuso acontece nos horários de pico quando as pessoas estão indo para o trabalho ou voltando para casa.
As ocorrências formalizadas dão origem a processos judiciais em que o agressor é identificado como incurso na Lei das Contravenções Penais (art 61: "importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor").
Os processos se acumulam na Justiça paulista.
Casos
Foi enquadrado neste artigo o homem de 57 anos flagrado ao posicionar-se atrás de uma passageira e esfregar o corpo contra o dela, dentro do vagão, na altura da estação Bresser, por volta das 18h30 do dia 14 de janeiro de 2009.
O caso virou um processo judicial que tramita na 9ª Vara Criminal.
A vítima da agressão, Marcela Colebrusco, falou ao G1.
"Acho que se todas as pessoas que sofressem algum tipo de abuso dessem parte na delegacia, as coisas não estariam como estão hoje", afirmou (veja íntegra do depoimento abaixo).
Também foi indiciado um homem de 36 anos que, segundo o processo, passou as mãos "reiteradas vezes" nas nádegas de uma passageira entre as estações Sé e São Joaquim do Metrô, às 9h20 do dia 6 junho de 2008.
Embora a quase totalidade das vítimas seja do sexo feminino, no ano passado até mesmo um homem reclamou ter sido assediado dentro do vagão.
"São dois ou três casos por mês.
A pessoa briga, xinga e chama os seguranças, que levam o agressor para a delegacia", diz o delegado Valdir Rosa, que trabalha há dez anos à frente da Delpom.
Ele recomenda cautela para evitar abusos e avisa que há até suspeitos reincidentes.
"A pessoa tem de ficar atenta, colocar uma bolsa para se proteger e, se alguém incomodar, chamar a segurança", afirma.
O delegado conta que, na maioria das vezes, o abuso acontece nos horários de pico quando as pessoas estão indo para o trabalho ou voltando para casa.
As ocorrências formalizadas dão origem a processos judiciais em que o agressor é identificado como incurso na Lei das Contravenções Penais (art 61: "importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor").
Os processos se acumulam na Justiça paulista.
Casos
Foi enquadrado neste artigo o homem de 57 anos flagrado ao posicionar-se atrás de uma passageira e esfregar o corpo contra o dela, dentro do vagão, na altura da estação Bresser, por volta das 18h30 do dia 14 de janeiro de 2009.
O caso virou um processo judicial que tramita na 9ª Vara Criminal.
A vítima da agressão, Marcela Colebrusco, falou ao G1.
"Acho que se todas as pessoas que sofressem algum tipo de abuso dessem parte na delegacia, as coisas não estariam como estão hoje", afirmou (veja íntegra do depoimento abaixo).
Também foi indiciado um homem de 36 anos que, segundo o processo, passou as mãos "reiteradas vezes" nas nádegas de uma passageira entre as estações Sé e São Joaquim do Metrô, às 9h20 do dia 6 junho de 2008.
Em outro caso, ocorrido às 7h20 de 10 de abril de 2003, uma passageira que embarcou na estação Brás chamou os seguranças enquanto segurava o homem que momentos antes se aproximou dela por trás.
Segundo o processo, os seguranças levaram vítima e suspeito até a delegacia, onde o homem confessou ter ejaculado na vítima.
Como agir
O Metrô de São Paulo diz que seguranças uniformizados e à paisana circulam inclusive nos vagões para coibir atitudes irregulares.
O encaminhamento das ocorrências é efetuado diretamente para a Delpom localizada na Estação Barra Funda.
Quem se sentir vítima ou presenciar outra pessoa nesta situação deve acionar a segurança, para ser imediatamente atendido.
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) recomenda que caso alguma mulher seja importunada informe imediatamente a um agente de segurança.
A empresa também oferece o Disk Denúncia, que permite a denúncia por mensagem do tipo torpedo SMS para o celular 7150-4949 diretamente à Central de Monitoramento de Segurança, que destacará o agente mais próximo para atuação.
Já o telefone de atendimento ao usuário é o 0800-055121.
Depoimento
Vítima de abuso dentro de um vagão do Metrô na tarde de 14 de janeiro de 2009, a estudante e funcionária pública Marcela Colebrusco levou para a Delegacia do Metropolitano o homem que a importunava dentro do trem perto da estação Bresser do Metrô.
Ela contou com a ajuda de dois seguranças do Metrô à paisana que já observavam o comportamento do suspeito.
Veja o depoimento que ela deu ao G1:
Segundo o processo, os seguranças levaram vítima e suspeito até a delegacia, onde o homem confessou ter ejaculado na vítima.
Como agir
O Metrô de São Paulo diz que seguranças uniformizados e à paisana circulam inclusive nos vagões para coibir atitudes irregulares.
O encaminhamento das ocorrências é efetuado diretamente para a Delpom localizada na Estação Barra Funda.
Quem se sentir vítima ou presenciar outra pessoa nesta situação deve acionar a segurança, para ser imediatamente atendido.
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) recomenda que caso alguma mulher seja importunada informe imediatamente a um agente de segurança.
A empresa também oferece o Disk Denúncia, que permite a denúncia por mensagem do tipo torpedo SMS para o celular 7150-4949 diretamente à Central de Monitoramento de Segurança, que destacará o agente mais próximo para atuação.
Já o telefone de atendimento ao usuário é o 0800-055121.
Depoimento
Vítima de abuso dentro de um vagão do Metrô na tarde de 14 de janeiro de 2009, a estudante e funcionária pública Marcela Colebrusco levou para a Delegacia do Metropolitano o homem que a importunava dentro do trem perto da estação Bresser do Metrô.
Ela contou com a ajuda de dois seguranças do Metrô à paisana que já observavam o comportamento do suspeito.
Veja o depoimento que ela deu ao G1:
"Eu estava voltando do trabalho com uma amiga e, como sempre, pegamos o metrô.
Havia de fato um grande número de pessoas naquele dia devido ao horário.
Ela conseguiu sentar; eu, não.
Havia um senhor, que aparentava ter mais ou menos 60 anos.
Eu me lembro muito bem dele, porque fiquei indignada ao ver que todos viram que era um senhor de idade e ninguém ofereceu um lugar para ele.
Estava muito distraída, conversando com a minha amiga, e senti que ele estava cada vez mais próximo de mim.
Havia espaço suficiente para ele ficar longe e não precisar encostar, apesar de o trem estar cheio.
Pensei que ele havia se desequilibrado, mas não.
Ele estava realmente fazendo algo que não havia percebido.
Fiz um teste.
Resolvi ir para o lado, para ver qual a atitude dele.
E ele me acompanhou.
Então, fui para o outro lado, e ele foi também.
Fui para a frente e ele cobriu a parte da frente do seu corpo com a mochila e começou a se movimentar se encostando em mim de um jeito muito suspeito.
Foi aí que percebi que ele estava fazendo gestos obcenos e se aproveitando de mim.
Como não sou de arrumar briga, mas achei um absurdo o que ele estava fazendo, virei para trás e comecei a discutir com ele.
E dei um empurrão nele, de leve, mas dei.
Fui abordada por dois seguranças do Metrô que, no momento, estavam à paisana.
Eles me perguntaram se eu queria ir até a delegacia do metrô dar parte dele, pois estavam ali, justamente, porque já haviam percebido algo de estranho naquele senhor.
Neste mesmo momento, o senhor estava tentando sair pelo outro vagão.
Foi quando não pensei duas vezes: decidi ir até a delegacia.
Os seguranças saíram correndo atrás dele e pediram para ele os acompanhar.
Pois bem, fomos, eu e minha amiga e um dos seguranças para a delegacia do metrô e demos parte dele.
Lembrando que ela foi minha testemunha.
Havia de fato um grande número de pessoas naquele dia devido ao horário.
Ela conseguiu sentar; eu, não.
Havia um senhor, que aparentava ter mais ou menos 60 anos.
Eu me lembro muito bem dele, porque fiquei indignada ao ver que todos viram que era um senhor de idade e ninguém ofereceu um lugar para ele.
Estava muito distraída, conversando com a minha amiga, e senti que ele estava cada vez mais próximo de mim.
Havia espaço suficiente para ele ficar longe e não precisar encostar, apesar de o trem estar cheio.
Pensei que ele havia se desequilibrado, mas não.
Ele estava realmente fazendo algo que não havia percebido.
Fiz um teste.
Resolvi ir para o lado, para ver qual a atitude dele.
E ele me acompanhou.
Então, fui para o outro lado, e ele foi também.
Fui para a frente e ele cobriu a parte da frente do seu corpo com a mochila e começou a se movimentar se encostando em mim de um jeito muito suspeito.
Foi aí que percebi que ele estava fazendo gestos obcenos e se aproveitando de mim.
Como não sou de arrumar briga, mas achei um absurdo o que ele estava fazendo, virei para trás e comecei a discutir com ele.
E dei um empurrão nele, de leve, mas dei.
Fui abordada por dois seguranças do Metrô que, no momento, estavam à paisana.
Eles me perguntaram se eu queria ir até a delegacia do metrô dar parte dele, pois estavam ali, justamente, porque já haviam percebido algo de estranho naquele senhor.
Neste mesmo momento, o senhor estava tentando sair pelo outro vagão.
Foi quando não pensei duas vezes: decidi ir até a delegacia.
Os seguranças saíram correndo atrás dele e pediram para ele os acompanhar.
Pois bem, fomos, eu e minha amiga e um dos seguranças para a delegacia do metrô e demos parte dele.
Lembrando que ela foi minha testemunha.
Depois do que aconteceu quando qualquer pessoa que encosta em mim no Metrô eu já olho de outra maneira"
Acho que se todas as pessoas que sofressem algum tipo de abuso dessem parte na delegacia, as coisas não estariam como estão hoje.
Não quis mais acompanhar o caso.
Acho que fiz minha parte e vi que deu certo para alertar essas pessoas que sofrem abusos em transportes públicos.
Continuo utilizando o Metrô, é claro, com mais precaução.
Mas acho que, inconscientemente, guardei algum trauma, sim, pois depois do que aconteceu quando qualquer pessoa que encosta em mim no Metrô eu já olho de outra maneira. A mensagem que deixo é a seguinte:
'Não deixe esse tipo de situação passar em branco, lute pela dignidade e respeito.'
FONTE
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G1
Acho que se todas as pessoas que sofressem algum tipo de abuso dessem parte na delegacia, as coisas não estariam como estão hoje.
Não quis mais acompanhar o caso.
Acho que fiz minha parte e vi que deu certo para alertar essas pessoas que sofrem abusos em transportes públicos.
Continuo utilizando o Metrô, é claro, com mais precaução.
Mas acho que, inconscientemente, guardei algum trauma, sim, pois depois do que aconteceu quando qualquer pessoa que encosta em mim no Metrô eu já olho de outra maneira. A mensagem que deixo é a seguinte:
'Não deixe esse tipo de situação passar em branco, lute pela dignidade e respeito.'
FONTE
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G1