sábado, 11 de fevereiro de 2012

ALICIADOS PARA VIRAR TRANSEXUAIS

Aliciados para virar transexuais acabam em endereços perigosos



B. veio de Sobral, no Ceará. 
Está há seis anos em São Paulo e diz que completou 18 anos em outubro passado. 
Não recebeu próteses de silicone, apenas injeções em algumas partes do corpo. 
Olho embaçado, sonha em colocar a prótese de silicone nos seios até julho. 
Posicionado a um quarteirão da avenida, diz que o valor mais alto que consegue por programa é 
R$ 50,00 ajeitando um vestido cor de rosa bem curto.
- As que têm mais peito cobram mais - conforma-se.
Thales César de Oliveira, promotor de Infância e Juventude, diz que os adolescentes são atraídos pelo ganho e não têm ideia de que terão de alterar completamente o corpo:
- Muitos não têm noção de que é uma mudança sem volta.
Oliveira afirma que o Ministério Público de São Paulo sabe da existência de uma rede de pedofilia e há frentes de investigação. 
No ano passado, um homem acusado de comandar a parte da rede que trazia adolescentes de Belém foi morto em confronto com a polícia paulista ao resistir a uma ordem de prisão. 
Na ocasião, 70 travestis, entre eles menores de idade, foram encontrados vivendo precariamente em duas pensões no Centro de São Paulo. 
Os adolescentes foram devolvidos às famílias.
- Não sabemos se é a mesma rede que se rearticulou ou se é outra - afirma.
Segundo ele, a polícia de São Paulo recebeu informações de que o comando da rede estaria no Nordeste, mas não há um grupo conjunto de investigação interestadual para troca de informações entre as polícias e os Ministérios Públicos.
De vestidinho vermelho e nariz arrebitado, R. conta que chegou há um ano e três meses de São Luiz e acredita não ter outra saída a não ser modificar o corpo:
- A gente nasce mulher.
A mais velha do grupo tem 30 anos e cabelos compridos e encaracolados. Veio de Manaus.
- Elas (as cafetinas) incentivam a transformação. E cobram mais em cima disso -explica.
Num bar nas imediações da Avenida Industrial, repleto de homens de comportamento intimidador, Luciane, 22 anos, conta que chegou há menos de um ano do Piauí e só quer colocar prótese no seio, sem injetar silicone, porque tem receio.
Uma transexual mais velha, de enormes seios caídos, interrompe:
- Rejeição depende do corpo de cada um. E de quanto de dinheiro você tem para pagar.
De cabelos ainda curtos e brincos baratos, Luciane é chamada por um dos homens e some de cena. 
O bom senso diz que é melhor não ficar muito tempo ali.

FONTE
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